A inteligência como método na cidade de Goiás
A rotina é a mesma no Museu de Arte Sacra da Boa Morte, sempre que a Praça do Coreto acolhe a festa de carnaval ou alguma manifestação festiva do mesmo porte: retirar todas imagens e demais objetos e envolvê-los em lençóis ou jornais velhos, acondicionando-os em local seguro. Sem esta providência, todo o acervo constituído em sua maior parte por obras de Veiga Vale corre o risco de danificação irreparável. Um prejuízo sem sentido, se pensarmos que a Praça do Coreto não é o local apropriado para este tipo de manifestação festiva.
Ano Passado, estivemos prestigiando o festival gastronômico, sob os auspícios do Sebrae e da Agência de Turismo de Goiás, alem da prefeitura e de outros órgãos responsáveis pela vida cultural da cidade. Tudo foi feito, com toda segurança e bom gosto, no novo espaço erguido no local do antigo matadouro. Ali tem espaço para todos os gostos, dispondo de palco permanente para apresentações artísticas, com tendas que serviram de restaurantes temáticos etc.
Este deve ser o local para este tipo de grande evento, como carnaval e outros, como os grandes shows musicais do Fica – Festival Internacional de Cinema e Meio Ambiente –, ou de outros pontuais, como o Festival Gastronômico etc. O centro histórico da cidade precisa ser preservado, inclusive a Praça do Chafariz, que não pode abrigar os grandes espetáculos, como se tem visto nos últimos anos. Eles podem provocar a morte da galinha de ovos de ouro, que é o patrimônio histórico da cidade.
O que queremos dizer, principalmente ao novo prefeito da cidade, Márcio Caiado, e à sua equipe que está sendo montada nestes dias de ajustes políticos antes da posse, é que a cidade de Goiás precisa preservar-se como patrimônio da humanidade, sem necessariamente ter que destruir as razões de sua escolha pela Unesco. Basta trabalhar com bom senso, zelo e competência. A cidade de Goiás anda com saudades destes valores no seu dia-a-dia.
Ao prefeito, autoridade maior da cidade, cabe juntar todos os setores organizados da cidade, como Câmara de Vereadores, Arphos – Associação dos Restaurantes, Pousadas, Hotéis e Similares, OAB– cidade de Goiás, UEG, UFG-Campus Goiás, CDL-Goiás, diocese de Goiás, igrejas, para citar apenas alguns, para orientar sua administração que começa dentro de alguns poucos dias e auscultar as demais expectativas de desenvolvimento integrado de todo o município.
Sua equipe deve trabalhar, segundo imaginamos, no sentido de integrar todos os setores sociais que se interessam pela qualidade de vida da cidade de Goiás. Primeiro, tudo aos cidadãos da cidade e, depois, como decorrência deste processo, desenvolver um bom trabalho de acolhida aos visitantes que, diga-se, só vão à cidade por causa de sua bela história, do seu povo acolhedor que precisa, de forma clara e competente, preservar seu patrimônio.
Este patrimônio também pertence, de alguma forma simbólica, aos demais brasileiros que, bem acolhidos em Goiás, ajudam a manter sua estrutura de bem público indispensável à preservação dos valores históricos que a sociedade vilaboense construiu até agora.
O desafio é grande e, por isso mesmo, carregado de boas vibrações, que podem responder pelo seu sucesso. Por isso, entendemos que a prefeitura, juntamente com os setores organizados da cidade, precisa criar um calendário inteligente de eventos que possa cobrir todas as grandes datas de sua história, ao longo do ano. A cidade de Goiás merece o melhor dos seus filhos, em particular dos seus eleitos para cargos majoritários. Mas também ela merece o melhor de todos que nela vivem e com ela sonham. Ela precisa do melhor da inteligência de todos, como método de convivência coletiva e de vida.
Joãomar Carvalho de Brito Neto é jornalista
e professor universitário.
E-mail: joaomarbrito@gmail.com
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